Posts Tagged ‘Notícias’

ENEM

abril 4, 2008

Ontem foram divulgados os dados do ENEM 2007. É de chorar: Pior escola particular supera 75% das estaduais

No município onde moro, a melhor escola estadual teve, em média 20 pontos (!!!) abaixo da média das particulares.

Para quem trabalha com educação, como eu, ou tem uma mínima noção do que dados como esses querem realmente dizer, chega a ser aviltante tal diferença. Juro que gostaria de comentar mais, mas sinceramente é até difícil de começar. E não se engane: estes alunos que saem com deficiência primárias do Ensino Médio é que vão lotar os cursos universitários – cada vez mais acessíveis – a fim de se tornarem advogados, psicólogos, médicos, engenheiros. Que não me venham com a “brilhante” refutação que consiste em dizer que estes não entrarão nas melhores universidades, como se isso fosse, per si, um filtro de bons profissionais ou, ainda, que só os “bem formados” é que conseguem se imiscuir no mercado de trabalho. Ambas as teses são falsas.

Mas o pior deste tipo de argumento é que ele continua jogando de lado o problema principal que é o de se arrumar a educação no país, apostando numa espécie de “seleção natural”, ou seja, como se, de fato, invariavelmente profissionais formados em “boas universidades” fizessem desaparecer, como que por mágica, os outros milhares. Em segundo lugar, transfere para a universidade uma tarefa que nem de longe deve ser sua, a saber, corrigir má-formação de base ou ainda, forçar, através do processo seletivo, o estudante a desenvolver excelência.

Patético.

Pesquise os dados do ENEM aqui.

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Caríssimos

abril 3, 2008

Sei que estou devendo posts. Entretanto essas semanas estão atribuladas. Mas até o final desta, um comentário sobre a coluna do Ferreira Gullar no domingo passado.

Até lá, o que você pensa?

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Células-tronco e as perguntas certas

março 4, 2008

No próximo dia 5 de março, quarta-feira, será julgada a constitucionalidade das pesquisas com células-tronco embrionárias pelo STF. Há tempos que se vêem longos debates e embates. Em sua maioria, os cientistas têm como principal argumento a possibilidade de que, com a abertura às pesquisas, inúmeros avanços podem ser alcançados e que, portanto, não permitir tais pesquisas é um retrocesso ou, ao menos, uma cegueira científica que, por sua vez, teria sua gênese em posturas ideológicas questionáveis – leia-se pressupostos religiosos – em relação aos futuros benefícios. Do lado oposto, vê se a hierarquia da Igreja Católica evocar o argumento da preservação da vida do embrião que não deve ser descartada em vista das pesquisas.

Entretanto, embora se fale muito sobre a questão, pouco se atinge o ponto central: não se trata de discutir os possíveis avanços implicados na possibilidade de pesquisa mas, sobretudo, de decidir o estatuto ontológico do embrião, ou seja, o que vem a ser um embrião para que, posteriormente, possam ser discutidos seus direitos e, portanto, seu futuro. Sob este ponto de vista, é a Igreja que acerta ao propor incessantemente este debate que subjaz à cortina de fumaça do progresso técnico-científico. Deve-se então reconduzir o debate à verdadeira questão que não é a do impedimento ou não da “locomotiva do progresso” – como a imprensa mesma tem aventado -, mas a pergunta tão imediata e por isso pouco pensada, “o que é um embrião?”

Assim, ainda que se pense tocar na pergunta certa, comete-se um erro. É preciso dizer que, quid iuris, a pergunta pelo que se deve fazer com os embriões congelados e que não serão implantados em úteros não é um problema a ser respondido pela Igreja. Tenta-se invalidar a posição dos prelados pela ausência de resposta a este problema que se imporia como o verdadeiro, já que os embriões estão aí e seus destinos constituem uma dúvida de fato. Entretanto, dado que a Igreja considera haver nova vida já na fecundação, processos que a emulem fora de condições diversas daquelas nas quais o embrião se desenvolveria até os estágios mais avançados normalmente, caem fora da posição julgada correta. Dessa forma, ela pode – e seria bom que o fizesse – se imiscuir nesses debates, mas ciente de que a responsabilidade última de lidar com esse problema não é dela.

Leia mais sobre a posição da Igreja no site da CNBB.

Assista a TV Justiça online, aqui.


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